segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A insustentável leveza da biodiversidade

Embora paradoxalmente o tema da conservação da biodiversidade, chave da vida no nosso planeta, tenha entrado no léxico dos cientistas e do público em geral, pouco tem sido feito pela manutenção da mesma e a única verdade tida por adquirida prende-se com o seu declínio cada vez mais rápido.
As actividades antropogénicas, praticadas de uma forma desregrada e com a avidez brutal como têm sido conduzidas, foram as grandes causadoras de tal agressão ao ambiente, com os impactes conhecidos. Chegámos a tal ponto, que mesmo que parássemos de imediato os atentados ao ambiente e consequentemente à biodiversidade, dificilmente conseguiríamos recuperar e repor a situação ao nível que existia na era pré industrial. Os níveis de poluição atmosférica, de contaminação dos lençóis freáticos, eutrofização de lagos e albufeiras, poluição dos cursos de água, a perda de fertilidade dos solos pela desflorestação e a saturação de fertilizantes, entre outros fenómenos, permaneceriam por longo tempo e inviabilizariam a manutenção dos ecossistemas íntegros e com elevados níveis de variabilidade genética das espécies e do número de indivíduos da mesma espécie, em suma de biodiversidade.
De uma forma hipócrita e pouco coerente a humanidade tem defendido a aplicação de medidas de defesa e preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, mas nunca abdicando do seu comportamento consumista. A utilização dos recursos disponíveis tem sido feita, sobretudo nas últimas décadas, a uma velocidade estonteante, o que, a par do aumento demográfico previsto, não abona nada em favor da manutenção dos escassos recursos existentes e das pequenas áreas protegidas ainda existentes.
Se por um lado os países em desenvolvimento utilizam tecnologia obsoleta e energeticamente pouco eficiente, os países mais desenvolvidos assumem a desfaçatez de comprar quotas de emissão de carbono. Parece não haver qualquer sensatez nestas atitudes, instalando-se a descrença generalizada, pois os compromissos assumidos pelos países mais poluidores, ou não foram subscritos, ou se o foram, lamentavelmente não estão a ser cumpridos. Cria-se necessariamente a sensação de que os interesses económicos se sobrepõem às questões ambientais, e que qualquer outro compromisso que venha entretanto a ser ratificado, não seja novamente cumprido. E se algumas medidas foram entretanto tomadas, muito se deve aos grupos de pressão ambientalistas e pelo conjunto de cidadãos anónimos que se vão interessando e preocupando com as questões ambientais. Ainda que tenham existido subsídios para colmatar alguns dos desastres ambientais, tal não passa de uma panaceia pouco útil e de efeitos positivos pouco efectivos.
A desflorestação de áreas sensíveis, o comércio ilegal de aves e plantas endémicas com interesse económico na área farmacêutica, entre muitas outras actividades tem sido emblemática e exemplificativa desta absurda catástrofe que a humanidade está a criar. Estes riscos, embora já de si bastante graves, não se ficam por aqui, porquanto a multiplicidade destas situações conduzem ainda a outro problema muito sério e de consequências ainda não devidamente calculadas e com eventuais consequências para a humanidade. A globalização das trocas no mundo actual está a contribuir para a disseminação de espécies exóticas, que em circunstâncias novas e mais favoráveis do que as originárias, tornam-nas em espécies invasoras e incontroláveis.
As zonas lacustres e os sapais são em regra os ecossistemas com a maior biodiversidade, onde existe o maior número de espécies e ocorre mais situações de endemismo. Este fenómeno tem a sua maior expressão nas zonas tropicais, e são precisamente as zonas actualmente mais fustigadas pela actividade humana. Depois do severo impacto que a humanidade infligiu deste a década de 50 do século passado, a maioria das espécies tem vindo a perder gradualmente a sua variabilidade genética, o que lhe confere a sua maior adaptação, colocando-as em risco sério de extinção. Uma coisa é a morte, outra é a não permissão do nascimento.
A encruzilhada em que se encontra mergulhada a humanidade impõe a si mesma uma decisão que para além das consequências imediatas, pode comprometer milhares de gerações vindouras. Se é verdade que se tem feito actualmente mais do que antes pelo ambiente, fruto do conhecimento entretanto adquirido, tal não é ainda suficiente, pois estamos mesmo no limite para assegurar as decisões vitais. O recurso a parques e reservas é cada vez mais escasso e ineficaz, pelo que devemos considerar que a salvaguarda da biodiversidade passa necessariamente pela preservação da biosfera. Talvez a regulação passe pela aplicação de políticas demográficas de controle à natalidade, onde se estime que manter os padrões de vida actuais haja necessidade de reduzir em um terço a população mundial. Mas alguma coisa temos urgentemente de fazer, enquanto nos for possível para evitar o fracasso dos ecossistemas e por consequência a catástrofe, e o tempo que nos resta é escasso, pelo urge tomar posições drásticas e pro-activas. A esperança passa pela transmissão massiva de conhecimentos científicos, ao maior público possível, na expectativa de que se tome globalmente consciência da tragédia que, todos e cada um de nós, estamos a fomentar.
A humanidade tem obrigação, pela inteligência e pelos meios ao dispor, de saber lidar com esta situação delicada, e se a forma última de evitar a extinção da vida neste planeta for recuar, saibamo-lo fazer com dignidade.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Quantificação Económica de Biodiversidade

Quantificar a biodiversidade apresenta-se como um enorme desafio. O seu estudo pode contribuir para a promoção e implementação de políticas de incentivo e de recuperação de habitats e ecossistemas, num mundo de escassos recursos e busca acérrima e conflituosa. Alguma da informação sobre as preferências da conservação de biodiversidade são melhores do que a não informação se a sociedade manifestar vontade de fazer escolhas e for sensível a escolhas politicamente inclusivas. Os políticos podem beneficiar da informação sobre o valor económico das diferentes acções dirigidas à protecção da diversidade.

Para se estudar cabalmente o conceito e as suas implicações, depara-mo-nos com inúmeras questões, nomeadamente com o desconhecimento por parte do cidadão comum sobre estas temáticas, embora este, regra geral, valorize mais as perdas do que os ganhos. O termo biodiversidade é desconhecido por uma parte substancial da população. De facto não existe uma única definição de biodiversidade, sendo contudo consensual que corresponda ao nº de espécies por unidade de área. Naturalmente é necessário definir espécie e o que a constitui, e a área onde se encontra. Os ecologistas reconhecem que a biodiversidade pode ser descrita e medida como a diversidade de espécies numa comunidade ou habitat.

De forma a contornar as insuficiências de conhecimento por parte da população em geral, existem evidências de que acções de sensibilização, com óbvios esclarecimentos e participação pela audiência, podem ser profícuos e úteis sob o ponto de vista da aquisição de competências e sabedoria. Importante será a utilização de de terminologia não científica que descreva os conceitos associados à biodiversidade, bem como o recurso a tecnologias multimédia, que contribuem igualmente para a transmissão mais eficaz da mensagem.

As populações devem ser ouvidas e convidadas a apresentar sugestões sobre que aspectos gostariam de ver protegidos ou melhorados, pois como uma sociedade temos escolhas sobre como pretendemos responder às ameaças à biodiversidade.

A maioria das pessoas entende e aceita pacificamente o pagamento de um imposto como objectivo de contribuir para a protecção e melhoria da biodiversidade. Não aceita muito bem o pagamento de qualquer imposto que simplesmente adie ou atrase o desaparecimento de uma espécie. O serviço prestado pelo ecossistema que têm um impacto directo na espécie humana são muito valorizados.

Em suma, devemos promover o esclarecimento das populações sobre as questões da biodiversidade, independentemente da metodologia usada. Apenas desta forma se aumenta o conhecimento e a possibilidade da sua participação num assunto que é do interesse das sociedades. Embora possam ser induzidas sugestões, é à classe política que compete a aplicação de muitos mecanismos para minorar, melhorar ou recuperar habitats ou ecossistemas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Hora de Inverno

A noite escura já foi... devido à poluição luminosa.
Não devido à claridade a mais, mas mal à claridade mal concebida com os seus fluxos luminosos mal orientados, clareando artificialmente a noite, desencadeamos consequências irremediáveis no plano ecológico, interferimos na biodiversidade. Pois se o Homem se adapta, os animais ficam desorientados.
Que a noite continue a dormir escorada nos arvoredos................

Linces ibéricos chegam a Portugal ainda este ano

Ora aqui vem uma notícia que apraz registar. Vem a caminho do nosso país, mais concretamente para a região do barlavento algarvio, alguns exemplares de linces ibéricos (Lynx pardina), espécie declarada extinta em Portugal.
A medida de que faz parte a criação do primeiro Centro Nacional de Criação em Cativeiro do Lince Ibérico, construído pela empresa Águas do Algarve, é uma das mais de 60 imposições da União Europeia, como compensação pela construção da Barragem de Odelouca, num Sítio de Rede Natura 2000. 
Assim se vê como deve ser aplicada a legislação, garantindo a compensação dos impactes negativos por força da construção de uma barragem.
Saúde-se a medida e que seja exemplo para outros mega-projectos previstos para os próximos anos.


sábado, 24 de outubro de 2009

O Salto do Lobo

Uma vez mais volto à rubrica 'Sinais' de Fernando Alves. 
Esta manhã, uma outra manhã, em direcção ao trabalho, ouvi mais uma 'pérola' ensaística, desta vez abordando a questão da preservação de uma alcateia de lobos, um predador em vias de extinção na Península Ibérica. 
A questão de Estudos de Impacte Ambiental elaborados pelas entidades públicas por vezes não é isenta de ambiguidades e de resultados duvidosos, o que deixa no ar a suspeita de promiscuidade e interesses nebulosos e obscuros, quando o promotor da obra e o fiscalizador são a mesma e única entidade.
Percebemos como um simples facto pode ter repercussões enormes para a concretização do ambicionado projecto de conservação do lobo ibérico. Um simples disparo de uma qualquer câmara fotográfica, num timming preciso, pode projectar um assunto que parecia fadado ao fracasso e sem grande interesse pela opinião pública. Este impulso, simples mas eficaz, veio recrudescer este tópico para a discussão mais alargada e, espera-se, mais profícua. 
Este simples gesto deve dar-nos alento para que possamos, com igualmente simples actos, contribuir para a manutenção da biodiversidade, através da preservação de espécies em perigo de extinção e dos seus habitas.
Não sejamos o lobo do próprio lobo e não fiquemos mal na fotografia............   

terça-feira, 20 de outubro de 2009

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